Nunca serei nada.
Não posso querer ser nada.
À parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo.
...
Estou hoje vencido, como se soubesse a verdade.
Estou hoje lúcido, como se estivesse para morrer,
E não tivesse mais irmandade com as coisas
Senão uma despedida, tornando-se esta casa e este lado da rua
A fileira de carruagens de um comboio, e uma partida apitada
De dentro da minha cabeça,
E uma sacudidela dos meus nervos e um ranger de ossos na ida.
...
Falhei em tudo.
Como não fiz propósito nenhum,
talvez tudo fosse nada.
A aprendizagem que me deram,
Desci dela pela janela das traseiras da casa,
Fui até ao campo com grandes propósitos.
Mas lá encontrei só ervas e árvores,
E quando havia gente era igual à outra.
Saio da janela, sento-me numa cadeira.
Em que hei-de pensar?
Que sei eu do que serei, eu que não sei o que sou?
Ser o que penso? Mas penso ser tanta coisa!
E há tantos que pensam ser a mesma coisa que não pode haver tantos!
Génio?
Tabacaria de Álvaro de Campos

Hoje é o aniversário de Fernando Pessoa e como tal decidi publicar um dos meus poemas favoritas de um dos seus heterónimos. O que está em cima é só uma pequena parte do maravilhoso poema que ele escreveu. Aconselho a sua leitura porque é realmente muito bonito! Se quiserem partilhar o vosso favorito ou opinar sobre este, deixem um comentário!! :D Boas Leituras!
Ahahah, brutal, acabei de lhe dar os parabéns tambem! ahahah
ResponderEliminarviste no Google tambem?
nãoo, eu já sabia Inês!! xDD
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